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Mel - Prop. Canil Podengobras

Raquel - Prop. Sr. Eder

Pepita - Prop. Canil Podengobras

As fotos acima ilustram as três variedades de pelagem do Podengo Crioulo Standard. Existe também a variedade miniatura, nestas mesmas variedades de pelagem. Exceto pelos Podengos Crioulos Standard de pelo curto, todas as demais variedades enfrentam sério risco de extinção, devido à crescente presença de raças exóticas nos campos e nas ruas e aos programas de castração em massa, que atingem principalmente os cães de rua, ambiente preferencial do Podengo. Conheça abaixo os três troncos formadores do Podengo Crioulo: os Podengos Portugueses, os cães Africanis e os cães índios.

Podengo Português - variedades Média e Pequena

                                fonte: http://vet-mundo.blogspot.com.br/

As fotos acima são de Podengos Portugueses.
Os Podengos Portugueses ocorrem em três variedades de tamanho: pequeno, médio e grande. Também apresentam três variedades de pelagem: curta, dura e longa (Cão do Barrocal Algarvio). Quando foi introduzida no Brasil colonial, muito antes de sua oficialização, esta raça era estritamente funcional, ocorrendo cruzas entre as três variedades de tamanho e pelagem, sendo que na mesma ninhada poderiam nascer filhotes de mais de uma variedade. Com a elaboração de padrões e o reconhecimento como raça, as variedade passaram a ser criadas separadamente. Estes cães são um dos troncos de formação do Podengo Crioulo, sendo que podemos ver aqui no Brasil a ocorrência das três variedades de pelagem e tamanho, muitas vezes com mais de uma variedade na mesma ninhada. Cabe ao esforço de criação organizada homogeneizar as linhagens sem perder as qualidades de temperamento e rusticidade que a seleção natural e o ambiente específico do Brasil imprimiram no Podengo Crioulo.

Fonte: http://www.africanis.co.za/

Estes são os antigos cães Africanis. Há um trabalho científico sobre estes cães demonstrando que partilham genes com raças antigas, como o Saluki, sendo portanto comprovadamente uma das linhas primitivas de cães domésticos. Vieram para o Brasil provavelmente com os navios que traficavam escravos africanos e produtos diversos provenientes da África. Alguns podem ter sido trazidos após a libertação dos escravos, com as famílias que voltaram à Africa para visitar seus parentes ou para reafirmar tradições religiosas, tais como o Candomblé. Estes cães imprimiram no Podengo Crioulo, além da rusticidade, a característica risca no canto dos olhos (olho de Hórus)e a cor tigrada, presente em tantos exemplares típicos. Como se pode ver pelas fotos, assim como com os cães índios, ocorriam igualmente as orelhas em rosa, semi-eretas e eretas.

Fonte:http://sites.google.com/site/originalcaribtykeregistry/Home

Estas são imagens de cães do caribe, denominados Tyke do Caribe. São os cães indígenas típicos encontrados em todo o Brasil e países fronteiriços com a Amazônia. Existem diversos indícios arqueológicos de que estes cães já estavam por aqui muito antes da colonização Portuguesa. Cães com este mesmo fenótipo vagam pelas ruas de minha cidade, e muitas outras do Brasil. São uma das bases do Podengo Crioulo.

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Bem vindo ao blog oficial do Podengo Crioulo. O canil Podengobras, situado em Campinas (SP) é o pioneiro na pesquisa e criação organizada desta antiga raça brasileira. Vamos usar este espaço para publicar informações fidedignas sobre a raça, bem como discutir o vasto tema da história do desenvolvimento destes versáteis cães e comentar a atual situação em que se encontram.

Boas leituras!

Marcelo Ribeiro dos Santos

Podengo Crioulo: a nova velha raça do Brasil.
Você certamente já viu um Podengo Crioulo ou talvez até já tenha tido um e não sabia. O fato é: uma das mais antigas raças de cães do Brasil e, certamente, uma das mais populares, é também uma grande desconhecida. Como assim? Bem vamos começar do início...
Em todo o litoral e ilhas do Mar Mediterrâneo há ocorrência de um tipo comum de cão desde tempos imemoriais, havendo registros em pinturas rupestres de culturas do Saara, anteriores ao Império Egípcio, que já mostram estes cães em atividades de caça. No Egito antigo eles foram cultuados e representados em diversas obras.
Presume-se que este cão tenha se espalhado por toda a região do Mar Mediterrâneo pelos antigos mercadores Fenícios, pois lá se encontram hoje em dia diversas variedades regionais do mesmo tipo básico, designado normalmente como Podenco ou Podengo.
Em Portugal, país cujo litoral se situa próximo ao Estreito de Gibraltar, portal do Mediterrâneo, ocorre uma variedade deste antigo cão em três tamanhos diferentes e três tipos de pelagem: pequeno, médio e grande com pelagem curta, dura ou longa. O nome desta raça é Podengo Português.
Com a colonização portuguesa no Brasil, vieram também os Podengos, animais rústicos e criados de forma semi-selvagem, mas extremamente eficientes como cães de alarme e caçadores. Eram os cães das classes populares de Portugal e rapidamente tornaram-se os fiéis companheiros das classes populares do Brasil. Estes cães miscigenaram-se com Podengos africanos provenientes do intenso intercâmbio com a África e cães indígenas que aqui já existiam. Hoje podemos encontrar Podengos extremamente típicos vagando pelas ruas das cidades brasileiras e chamados de vira-latas, coisa que de fato fazem como parte de sua estratégia de sobrevivência frente ao abandono.

O Podengo no Brasil:
Antes de comentar o destino do Podengo no Brasil, é necessário esclarecer alguns fatos sobre este tipo de cão. Pode-se perceber que sua aparência é razoavelmente próxima da aparência de canídeos selvagens, tais como a raposa e o coiote. Sabe-se também que, em tempos antigos ou mesmo hoje em dia, os Podengos são geralmente criados soltos, alimentados com sobras de comida e obrigados a caçar e procurar detritos para complementar sua alimentação. Os cães mais bem sucedidos nesta vida dura são os cães que se reproduzem, como dita a velha e boa seleção natural, então não há nenhuma surpresa no fato de a mesma aparência ser a mais útil para Podengos e canídeos selvagens. Esta convergência de aparência esconde, no entanto, uma grande diferença no tocante ao temperamento. Obviamente, os Podengos mais bem alimentados foram aqueles que mais agradaram a seus donos: os mais carinhosos, os mais espertos, os melhores caçadores e guardas recebiam sua recompensa. Isto lhes dava vantagem reprodutiva sobre seus semelhantes menos dotados, o que acabou por imprimir no Podengo excelentes características de convívio e utilidade. Apesar de se parecerem com cães selvagens, talvez seja esta a raça que sofreu a mais longa seleção para traços domésticos de temperamento.
Pois bem, compreendendo-se que o Podengo é o fruto de uma base genética de cães mediterrânicos, moldados por alguns séculos de convívio com os humanos em condições muito duras, compreende-se que sejam extremamente populares no Brasil.
Sabemos que a introdução deste tipo de cão oriundo de Portugal, deu-se em tempos distantes. Nos estratos mais antigos de formação da raça, certamente contribuíram também Podengos africanos vindos com o intercâmbio constante com a África devido ao comércio de escravos e também cães indígenas autóctones. No início do século XIX já estavam disseminados nos povoamentos e nos rincões mais distantes do Brasil, como atestam as pinturas de Debret.
Em nosso país, os Podengos foram preservados, paradoxalmente, pelas condições de semi-abandono em que sempre foram obrigados a viver. Explica-se assim o fato de sua presença estar associada a condições rústicas de vida, seja nos campos ou nas cidades, predominando em bairros populares e localidades mais isoladas e rurais.

O destino do Podengo Crioulo:

Com o desenvolvimento urbano e a implementação de políticas de saneamento, além da melhoria material das condições de vida nas cidades, os cães soltos passam a ser encarados como problema público, e de fato o são. A superpopulação canina e a ocorrência de zoonoses fez com que a sociedade se organizasse, criando instituições que tem o objetivo de melhorar estes problemas, principalmente através da castração em massa e programas de adoção de animais de rua.
Como tudo no Podengo é paradoxal, estes fatos positivos tem acarretado um inesperado efeito colateral negativo nesta raça. Os Podengos estão gradualmente desaparecendo nas cidades. Em uma pesquisa feita com 553 fotos de cães de todas as raças em sites de adoção brasileiros, obtivemos 28 fotos de Podengos Crioulos típicos. Todos haviam sido castrados para adoção. Estamos perdendo alguns dos animais mais típicos que temos e, se algo não for feito, a perda de patrimônio genético será irreparável.
Visto que concordamos totalmente com os programas de castração e adoção de cães de rua, iniciamos uma campanha de cadastramento de proprietários de cães Podengo Crioulo típicos, com fotos e anotações sobre o temperamento. Propomos as seguintes soluções para resgatar a mais antiga raça nacional.
1- Apoio da mídia, para ampliarmos em nível nacional a campanha de cadastramento de proprietários de exemplares típicos da raça.
2- Incentivo à adoção responsável de cães Podengos típicos, ainda abundantes em centros de adoção.
3- Reprodução controlada de exemplares selecionados em provas de morfologia e comportamento.

É hora de valorizarmos este patrimônio genético nacional, começando a criação organizada dos Podengos Crioulos.