sexta-feira, 5 de junho de 2009

O Podengo no Brasil:
Antes de comentar o destino do Podengo no Brasil, é necessário esclarecer alguns fatos sobre este tipo de cão. Pode-se perceber que sua aparência é razoavelmente próxima da aparência de canídeos selvagens, tais como a raposa e o coiote. Sabe-se também que, em tempos antigos ou mesmo hoje em dia, os Podengos são geralmente criados soltos, alimentados com sobras de comida e obrigados a caçar e procurar detritos para complementar sua alimentação. Os cães mais bem sucedidos nesta vida dura são os cães que se reproduzem, como dita a velha e boa seleção natural, então não há nenhuma surpresa no fato de a mesma aparência ser a mais útil para Podengos e canídeos selvagens. Esta convergência de aparência esconde, no entanto, uma grande diferença no tocante ao temperamento. Obviamente, os Podengos mais bem alimentados foram aqueles que mais agradaram a seus donos: os mais carinhosos, os mais espertos, os melhores caçadores e guardas recebiam sua recompensa. Isto lhes dava vantagem reprodutiva sobre seus semelhantes menos dotados, o que acabou por imprimir no Podengo excelentes características de convívio e utilidade. Apesar de se parecerem com cães selvagens, talvez seja esta a raça que sofreu a mais longa seleção para traços domésticos de temperamento.
Pois bem, compreendendo-se que o Podengo é o fruto de uma base genética de cães mediterrânicos, moldados por alguns séculos de convívio com os humanos em condições muito duras, compreende-se que sejam extremamente populares no Brasil.
Sabemos que a introdução deste tipo de cão oriundo de Portugal, deu-se em tempos distantes. Nos estratos mais antigos de formação da raça, certamente contribuíram também Podengos africanos vindos com o intercâmbio constante com a África devido ao comércio de escravos e também cães indígenas autóctones. No início do século XIX já estavam disseminados nos povoamentos e nos rincões mais distantes do Brasil, como atestam as pinturas de Debret.
Em nosso país, os Podengos foram preservados, paradoxalmente, pelas condições de semi-abandono em que sempre foram obrigados a viver. Explica-se assim o fato de sua presença estar associada a condições rústicas de vida, seja nos campos ou nas cidades, predominando em bairros populares e localidades mais isoladas e rurais.

Um comentário:

  1. Muito interessante!A única coisa que me deixa em dúvida quanto a veracidade, é a citação de cães nativos do Brasil. Você possui informações de fontes confiáveis sobre isso?

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